'Virei uma pessoa de quem eles fogem', diz a musa da Lava Jato, sobre os amigos políticos
Em 2013, a Operação Miquéias, da Polícia Federal, investigou
suspeitas de fraude em fundos de pensão municipais e lavagem de
dinheiro. Mais de 20 pessoas foram presas, entre elas Luciane Hoepers,
modelo e consultora financeira.Foi acusada de ser pastinha: segundo a PF, ela visitava prefeitos e oferecia vantagens indevidas para que eles aplicassem em fundos de investimentos suspeitos.
Formada
em administração, pós-graduada em economia e com licença para trabalhar
com valores mobiliários e fundos de investimento, Luciane seria um
diferencial no esquema por causa da beleza.
O caso ainda corre na Justiça. Acusada de corrupção, lavagem de
dinheiro, crime contra o mercado financeiro e formação de quadrilha, a
modelo já depôs três vezes, a última há mais de um ano. Ela estima que
mais de 80 pessoas, incluindo políticos e empresários, ainda serão
ouvidos.
Luciane ficou cinco dias presa em 2013. Desde
então aguarda julgamento, em liberdade. Negou-se a fazer delação
premiada por, diz ela, "não ter nada de interessante para falar". Na
entrevista, nem tentou se defender das acusações: "Não fui culpada nem
inocentada".
Durante a estadia atrás das grades, não teve medo. "A
maioria das mulheres está lá por causa de homem, é muito triste", diz.
"Fomos tratadas como princesas. As presas ficaram curiosas, admiradas".
Junto de Luciane outras modelos foram para a prisão, envolvidas no mesmo
esquema.
O caso deixou Luciane conhecida como "musa do crime". "Lutei contra isso.
Complicou muitos trabalhos." Quatro anos depois, prefere o título de
musa presa da Lava Jato, termo usado para divulgar a edição de agosto da
revista "Sexy", que terá um ensaio nu da modelo.
Ela
vê como positivo aparecer associada à Lava Jato, que diz ter sido
derivada da Miquéias, operação que a investiga. As fotos já divulgadas
da revista mostram referências claras à política, com malas suspeitas e
engravatados sem rosto. Luciane diz se tratar de um "gancho de mídia".
"Não
tenho mais contato com políticos, virei uma pessoa de quem eles fogem,
diz. Fiz muitos amigos políticos e empresários, mas quando você é preso
vira um leproso. Todos ficam com medo de cair também, então cortam contato."
Luciane não pode mais trabalhar na área financeira ou de
investimentos sob a ameaça de voltar para a prisão. A carreira artística
virou sua única opção. "Eu já era modelo antes, mas agora só tenho
isso. Sinto falta de trabalhar com a inteligência porque esse mundo da
moda e beleza é muito fútil. Quero trabalhar com o que estudei, mas faço
com os limões uma limonada."
Apesar de dizer que "ser bonita mais
atrapalha do que ajuda", a modelo turbinou o visual com 14 cirurgias
plásticas, muitas delas no rosto. A diferença em seus traços de 2013
para cá é evidente. "Muita gente faz e não assume. Gosto de falar sobre
isso porque ajudo quem é leigo no assunto e precisa de uma referência
antes de fazer."
Circulou na imprensa que ela teria investido pelo menos R$ 300
mil nas cirurgias, Luciane afirma se tratar de permuta. "Ganho quase
tudo dos profissionais porque divulgo o trabalho deles". Ela tem mais de
meio milhão de seguidores no Instagram.
Carreira na política ela
dispensa. "Já cogitaram eu me candidatar a deputada, mas seria
hipocrisia minha. Não é legal eu estar envolvida em um escândalo e
aparecer de santa."
Já as comparações com Melania Trump, mulher do
presidente dos EUA, Donald Trump, ela aceita bem. "Muita gente diz
isso [que elas se parecem fisicamente] por conta dos olhos claros e dos
traços europeus. Prefiro ser a mulher do político do que o político em
si."
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