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Tudo que você gostaria de saber sobre o Quarto Poder

Imprensa, o quarto poder?

Uma função do Jornalismo nos regimes democráticos é fiscalizar os poderes públicos e privados e assegurar a transparência das relações políticas, econômicas e sociais. Por isto, a imprensa e a mídia são às vezes cognominadas de Quarto Poder (em seguida aos poderes constitucionalmente estabelecidos: Executivo, Legislativo e Judiciário).

 Quem é o quarto poder: a imprensa ou o cidadão?

Em entrevista recente à revista Época Negócios, Ruy Mesquita, que aos 85 anos segue na ativa como diretor de opinião de O Estado de S. Paulo ressuscitou o termo “quarto poder” para se referir à imprensa e seu papel de fiscalização dos outros três, esses sim claramente constituídos.
“O chamado Quarto Poder continuará sendo necessário porque é o mais distante do universo do poder político onde estão instalados os outros três e o mais próximo da cidadania”, afirmou. Será?

Imediatamente me recordo do sociólogo espanhol Manuel Castells e seu livro “Comunicación y Poder”, que analisa justamente as mudanças que o avanço tecnológico provocou na relação entre governos e governados. “O Estado invade a privacidade das pessoas, sempre fez isso. Se o Estado quer, o Estado nos vigia. Todos os governos do mundo fazem isso, têm condições de fazer. A novidade é que agora podemos vigiá-los”, diz.

Daí, a divagação: não seria o cidadão, agora dotado de ferramentas a que nunca antes teve acesso, o verdadeiro quarto poder do século 21? Na era da publicação pessoal, creio, a mídia formal assume o papel de concretizar, nos canais de divulgação antes restritos a ela, muito do que as pessoas estão detectando, comentando e repassando entre si?

Se não assumiu esse papel ainda (e temos vários exemplos de mídias tradicionais simplesmente cegas, surdas e mudas ao grito mais importante dos cidadãos _não ao último hype da TV que foi parar no microblog, também importante, mas bem menos indicador de relevância, temos um grave problema a administrar.

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Ações policiais equivocadas costumam ser amplamente divulgadas pela imprensa, que muitas vezes comete abusos em suas publicações, fazendo julgamentos precipitados ou mesmo omitindo informações imprescindíveis para o perfeito entendimento do fato. Neste ambiente, o papel da grande mídia na questão da segurança pública sempre é questionado por policiais, que se vêem sempre desfavorecidos e desabonados.

É preciso que se diga que é ilegítima qualquer tentativa por parte das polícias (institucionalmente) ou dos policiais (individualmente) de esconder abusos cometidos por nós, de novo, institucional ou individualmente. As polícias são instituições públicas, DEVEM satisfação à população, e se cometem erros, eles precisam ser demonstrados com a devida clareza, ou retornaremos aos tempos em que o controle social sobre o Estado era quase nulo, não obstante não possuirmos o melhor dos cenários neste sentido.

Por outro lado, precisamos de iniciativas que diminuam e eliminem os casos em que as sensações superam o fato, ou que o fato é desviado e escondido. Não se pode admitir que existam semi-verdades na imprensa. Quando existem questões por esclarecer em uma informação, é perfeitamente possível que ela seja divulgada admitindo esta carência. Mas muito se vê a ânsia pelo “furo” pautando as matérias.

Outro ponto é a perda do foco por parte da imprensa. Exibir questões cotidianas da incidência da criminalidade é necessário e admissível, se há responsabilidade, sem exaltação do sangue, como muitos folhetins fazem, com larga audiência dos que procuram a morbidez hollywoodiana em suas realidades. Com isso, adia-se a discussão séria das causas, e os efeitos continuam intactos.
Mas nem esses desvios cometidos pela imprensa justificam a sonegação de informação, ou a defesa irracional de algum tipo de controle coercitivo. A existência da imprensa é indispensável à democracia, não obstante, algumas vezes, se preste ao cometimento de ditaduras, tratando de causas empresariais ou governamentais de acordo com seus interesses.
Os policiais militares sabem bem o quanto é incômodo se submeter a limitações à liberdade de expressão, de modo que a defesa da extensão desse cerceamento aos demais cidadãos passa a ser inaceitável. Antes, cabe lutar para que os princípios que devem nortear a atividade da imprensa cheguem às instituições policiais, ao tempo em que discutimos como tornar a imprensa cada vez mais um vetor de regulação responsável da segurança pública no Brasil.

A imprensa ainda é o quarto poder?

O economista Richard Nelson, professor da Universidade Columbia, em Nova York, esteve recentemente no Brasil para palestras no Instituto Fernando Henrique Cardoso e no Instituto de Estudos Avançados da USP. Também gastou seu tempo com um jornalista, observador da imprensa, no café do hotel onde estava hospedado. Nelson, um pensador maduro das coisas da economia globalizada, não quis falar especificamente sobre o Brasil, mas discorreu com entusiasmo sobre o papel das instituições no desenvolvimento econômico.
Mais à vontade diante de um suco de laranja com mamão do que diante dos acadêmicos no IFHC e no IEA-USP, Nelson deteve-se um pouco mais na análise das instituições, que é como chama os fatores que definem a produtividade econômica e sua progressividade. Provocado por este observador, concordou em refletir sobre o fenômeno da transformação dos indivíduos em instituições. De suas constatações pode-se extrair algumas lições que nos ajudam a entender certos paradoxos que parecem afetar a efetividade da imprensa.

O primeiro paradoxo é representado pelo bombardeio de informações a que o indivíduo é submetido constantemente, e sua contrapartida, as informações sobre o indivíduo que são capturadas de sua intimidade e vendidas ao mercado, para ações de marketing. Nesse jogo, o indivíduo se consolida como instituição e aparentemente adquire certa imunidade contra as ações de venda que são o objetivo desse processo. Portanto, as estratégias de venda de informação ou de outros serviços e produtos falham porque são dirigidas a um receptor estático, enquanto o próprio processo de comunicação, intenso, o transforma em receptor dinâmico, institucionalizado.

O segundo paradoxo é que, transformado em instituição, o indivíduo adquire um poder de repercussão e multiplicação muito maior do que se imagina nos núcleos de "inteligência" das empresas de comunicação, o que reduz o controle sobre as influências a que se tenta submetê-lo.
Um exemplo claro é a estratégia de divulgação do show da banda irlandesa U2: com a doce cumplicidade do jornalismo dito cultural (na verdade, trata-se de serviço de divulgação de entretenimento, fantasiado de jornalismo e movido a jabaculês), criou-se o que no jargão dos marqueteiros é chamado de hype

Resultado: muitos milhares de jovens submetidos a constrangimento em filas à porta dos supermercados Pão de Açúcar, fiasco total no sistema de venda de ingressos, risco de centenas de processos judiciais, queima da imagem do supermercado e completa confusão entre os organizadores do evento.

Outro exemplo é o noticiário político predominantemente dirigido, nos últimos meses, para favorecer a oposição e colocar em situação de desvantagem o atual presidente da República. O hype quase histérico parece ter passado do ponto, gerando um movimento, ainda sutil, de recuperação da popularidade por parte do presidente.

Em escala menor, o fenômeno se repete no nível estadual, com a constatação de que o longo período de notícias com pouco senso crítico em favor do governador paulista Geraldo Alckmin acaba por desequilibrar a disputa interna com o prefeito da capital, José Serra, pela candidatura do PSDB à presidência da República, causando um desconforto difícil de administrar.

Sentido da pergunta

O terceiro paradoxo é representado pela rápida depreciação do poder de influência da mídia, que sempre resulta de uma equação que inclui a credibilidade e a capacidade de cobrir grandes áreas do público.

A transformação do indivíduo em instituição, neste caso, se revela na sua capacidade de incorporar e expropriar a credibilidade da sua fonte de informação.
Assim, o leitor do jornal que repete, no boteco ou em seu grupo de interlocutores pela internet, as notícias que lê em seu diário, acaba por se transformar, ele mesmo, em mídia. 

A diversidade que se produz a partir do indivíduo-mídia acaba por se confrontar com o viés estático da fonte original, que perde poder de influência e credibilidade.
Essas divagações, extrapoladas de uma conversa interessante com Richard Nelson, merecem melhores reflexões do que é capaz de produzir este observador curioso, mas permitem a ousadia da afirmação: a imprensa, estática e presa a compromissos econômicos e políticos cada vez mais evidentes, perde espaço para a massa ainda inidentificável de indivíduos que atuam como instituições, girando dinamicamente no ambiente difuso e mutante da sociedade hipermediada.

Daí o sentido inteiro da pergunta: com a credibilidade em queda, incapaz de oferecer ou ao menos mediar respostas satisfatórias às angústias de seus contemporâneos, presa a um sistema de poder que se recusa a democratizar-se, a imprensa ainda pode ser chamada de quarto poder?
Por quanto tempo?

O primeiro poder

O filme O Quarto Poder, do diretor Costa Gravas, conta a história do repórter Max Brackett (Dustin Hoffman). Num dia comum, em que ele cobria uma matéria em um museu sobre a falta de pagamento dos funcionários, o ex-funcionário Sam Baily (John Travolta) invadiu o lugar e fez de reféns algumas crianças que estavam no local.

Enquanto isso, o repórter que estava no banheiro, viu que não poderia perder a oportunidade de fazer uma matéria exclusiva e fez seus contatos com o jornal onde ele trabalhava. Mas a notícia foi se espalhando e várias emissoras de TV já estavam na frente do museu, prontas para saberem mais sobre o que estava acontecendo lá dentro. O repórter ofereceu ajuda a Sam dizendo que poderia limpar sua barra, cobrindo a matéria e provando que ele era inocente.

O filme discute o poder da mídia sobre a opinião pública, fazendo uma espécie de jogo com as suas emoções. Quando as emissoras exibiam imagem positivas de Sam, o público ficava a favor dele, mas quando outras redes divulgavam imagens denegridas, o público se posiciona contra. Pode-se perceber também, sensacionalismo no filme, quando o jornalista em vez de ajudar Sam, manipula a informação para prejudicá-lo.

O jornalista passou por cima da ética, pois sua missão era de informar a verdade. Percebe-se isso quando são editadas entrevistas feitas com a família de Sam, de forma a parecer que todos estavam contra ele.

Costa Gravas discute o poder e a manipulação da mídia para favorecer os interesses de terceiros, e em busca da conquista de audiência. Na verdade, a imprensa é o primeiro poder no momento de construir uma imagem e também de destruí-la, não importando se para isso irá prejudicar pessoas e atrapalhar vidas.

O quarto poder é um filme que nos faz refletir sobre o papel e o poder de influência da imprensa sobre a formação de opinião e imagem. Ele nos mostra que é impossível não pensar na atitude de estrelismo e irresponsabilidade dos profissionais da imprensa, que ferem a ética em busca de um furo e de pontos de audiência. 

Os interesses em jogo nesta trama revelam um conflito que coloca em risco a segurança de pessoas para satisfazer às necessidades da indústria da televisão. É como aquela fábula de Luis Fernando Veríssimo, A verdade, que termina dizendo algo como: “o povo não gosta de histórias de pescador. O povo gosta de histórias de sexo e violência.” Partindo deste princípio, existem milhares de profissionais da imprensa fazendo todo o possível para levar a leitores e espectadores histórias que nem sempre condizem com a verdade. 


Fatos, relatos, imagens e suposições são fabricadas de acordo com a intenção sensacionalista e tendenciosa, impressionando e até mesmo revoltando a opinião pública, criando personagens que não existem e fatos que sequer aconteceram, a não ser na imaginação de um público condicionado a gostar de coisas bizarras e fantásticas, desde a antiguidade, passando pela paixão de Cristo e as arenas de gladiadores, cenas vistas ao longo da história que ainda permeiam o imaginário popular como forma de fazer as pessoas fugirem das suas rotinas tediosas, um marasmo recorrente em que se encontra a humanidade de tempos em tempos, a panis et circenses da antiga Roma.

Por várias vezes é usada no roteiro do filme a palavra circo, referindo-se ao espetáculo fabricado em torno de uma circunstância que, não fosse o telefonema do repórter e a posterior cobertura televisiva, talvez tivesse um desfecho completamente diferente. É um filme muito rico em reflexões sobre a nossa sociedade mercenária e hipócrita. Serve de tema para uma completa discussão sobre valores, e, entenda-se a palavra valores também no sentido de vidas, liberdade de pensamento e de expressão. Basta lembrar que, o protagonista, desesperado pela perda do emprego, pediu à ex-patroa que o escutasse por apenas cinco minutos. Ao ser-lhe negado este pedido, perdeu o controle emocional, cometendo uma série de erros e acidentes, transformando-se de um simples pai de família desempregado, em um bandido perigoso que ameaça explodir um museu repleto de crianças inocentes.

Da Redação com Informações da Web

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